Hushpuppy é uma menina de apenas 6 anos de idade que vive em uma comunidade isolada às margens de um rio. Ela está correndo o risco de ficar órfã, pois seu pai está muito doente. Enquanto isso, uma tempestadade atinge a sua localidade e uma série de ferozes criaturas pré-históricas despertam de suas sepulturas e começam a se espalhar pelo planeta. Hushpuppy percebe que o mundo à sua volta corre um sério risco. Desesperada, essa pequena criança luta para tentar salvar a vida de seu pai, reencontrar sua mãe e restaurar a ordem do ambiente em que vive.
Estreia: 4 de Janeiro de 2013
Orçamento: US$ 1,8 milhão
Distribuidora: Fox Film
Duração: 93 min.
Gênero: Drama
Direção: Benh Zeitlin
Elenco: Quvenzhané Wallis, Dwight Henry, Levy Easterly, Lowell Landes, Pamela Harper, Gina Montana, Amber Henry, Jonshel Alexander, Nicholas Clark.
No filme, uma unanimidade crítica, uma garota de seis anos, órfã de mãe, vive com o pai “como um bicho”, de acordo com ele, comendo o que ela encontra pelo chão, sempre com as mãos, sempre com pressa. Nas raras ocasiões em que uma comida preparada se oferece à garota, ela é ensinada a recusar. Ela deve ter “orgulho de ser quem ela é”, ou seja, não aspirar a uma ascensão social. A história continua com um desfile de cenas de Hushpuppy (a menina tem nome de filhote, ou “puppy” em inglês) se afogando durante uma enchente, sofrendo dores mas não podendo chorar, sendo abandonada durante dias e cuidando de si mesma, sozinha.
Zeitlin aos poucos retira as glórias da miséria para fazer dela algo lúdico – não piedoso, mas adorável porque desproporcional: nós, público de classe média, sabemos que a garota vive em situação precária, mas ela mesma não o sabe. Através da inocência do olhar infantil, Indomável Sonhadora esquiva-se da crônica social (algo pouco apreciado pela crítica americana) para se tornar uma jornada de superação individual (isso sim, algo mais do que prestigiado).
De certo modo, essa era a mesma estratégia de Bush, quando se focava na mãe solteira, recusando reconhecê-la como parte de uma população maior. Ele preferiu dar-lhe valor pela distinção, fechando os olhos à sociedade ao redor. Indomável Sonhadora está longe deste nível de conformismo, mas talvez sejam justamente as suas partes mais fantasiosas, aquelas que mais provocam tristeza, alegria, choro. Ou seja, são estas as imagens que comovem e, pela identificação, não propõem o distanciamento, nem a reflexão. Por trás desta garotinha com um rosto e voz adoráveis, existe o resto da sociedade miserável, que talvez não se iluda quanto à sua posição social, que não enxergue feras selvagens pelo mundo. Existe muita gente que não é, e nem será herói.